O Porco na Corografia
Na descrição corográfica de Portugal os topónimos alusivos ao porco são a prova provada do imenso apreço que suscitava nas populações através dos tempos, não pelas sua função de imprescindível alimento de origem animal para a generalidade das gentes, também devido ao seu papel na economia dos remediados e carentes.
No mapa de Portugal assinalam-se os ditos topónimos que vão do Minho ao Algarve, do interior ao litoral.
São eles:
Aldeia dos Porcos, Barranco do Porco, Cabeça de Porca, Casais da Pocariça, Catraia de Marrão, Fernão Porco, Foz do Porqueiro, Leitão, Leitões (cinco localidades), Matança (duas localidades), Matancinha, Marrã (duas localidades), Mata Porcas (duas localidades), Moinho da Ponte de Porcas, Porca, Porcalhota, Porcas, Porqueira (três localidades), Porqueiras (duas localidades), Pucariça, Pucariço, Quinta do Porco, Toucinho, Toucinhos, Vale da Porca (três localidades), Vale das Porcas (três localidades) Vale de Porco (seis localidades), Vale dos Porcos (três localidades), Venda do Porco.
Delicadeza no falar…de porcos
“Mas será de facto, o povo português naturalmente delicado, ou aquilo não passa de lisonja do escritor estrangeiro?
A resposta poderei dá-la com um exemplo linguístico. Se me permitem, reproduzo estas linhas do meu Glossário Crítico de Dificuldades, no artigo sobre Cortesia:”Na gente aldeã tenho encontrado muita criatura útil à civilização citadina.
Digam-me lá se é ou não é cortesia de expressão a daqueles simplórios da província que dizem assim - «os porcos (com sua licença) estão este ano muito magros. Veja este que saiu agora da pocilga (com licença)».
“Segundo me disseram, há em certas terras da província quem chame aos porcos – «os da vista baixa, evitando assim, com um eufemismo, palavra tida por mal soante.”
In: Mistérios e Maravilhas da Língua Portuguesa, de Vasco Botelho do Amaral
Planisfério escolar e mapa de Portugal de meados do Séc. XX
Em Trás-os-Montes estas duas aldeias são os dois topónimos alusivos ao porco mais conhecidos